Blogagens de alguém idealista que, nascida em lar cristão solidificou valores humanos, morais e ético-sociais; Líder Movimento de Jovens;Casada , mãe avó; Professora de Português e Literaturas; Escritora - www.asesbp.com.br; Revisora - partícipe em redes sociais: TWITTER, FACEBOOK, INSTAGRAN
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segunda-feira, 23 de novembro de 2015
sábado, 25 de abril de 2015
Tem anjos voando neste lugar....no meio do povo...em cima do altar...
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Posted by SENTIMENTO EM POESIAS on Quinta, 23 de abril de 2015
domingo, 8 de março de 2015
Dia Internacional da Mulher 2015
Neste primeiro Dia Internacional da Mulher 2015, já desfrutando da "liberdade" do compromisso da sala de aula, quero homenagear, saudar, agradecer às várias mulheres educadoras, cada uma delas com sua pedagogia, cada uma delas portadora de vários "eus", no exercício de educar, instruir e formar cidadãos de bem em nossa sociedade atual. Uma sociedade que precisa urgentemente ser curada da "ansiedadefobia, da violênciafobia, do panicofobia, da autonomofobia" e tantas outras fobias que adoecem primeiro a pessoa e por encadeamento suas relações pessoais e intergrupais.
Quantas vezes, em sala de aula, saindo de uma série de terceiro ano de ensino médio, onde o comprometimento com o pleno exercício da literatura, da linguística, da interpretação, produção, comprometimento artístico, releitura textual do falar e escrever bem para ser bem sucedido em exames, provas, concursos e, principalmente na vida pessoal de cada aluno portadores que somos de diferenças individuais, me via obrigada a adentrar em uma sala de quinta ou sexta séries do ensino fundamental, desta feita já vestindo o "eu" mãe-educadora, disciplinadora, terna e amiga, pois essa faixa etária depende e muito desse comprometimento de seus mestres e educadores para se tornarem um cidadão pleno e produtivo.
E ainda, já "esgotada na terceira aula, fazer uma auto preparação e preparação com os colegas professores para encarar bem e produtiva as terceiras aulas restantes do período, e, finalmente, ir para casa, descansar, retornar nos próximos turnos para completar a carga horária e esperar pelo parco salário, uma vez que é notório e público que um professor mal ganha para pagar seu transporte, sua alimentação, enfim, contribuir para a economia do lar.
Outrossim, jamais deixei de agradecer esta profissão, este dom ou talento, difícil de definir que é ser professor(a) em outros e nesses tempos. Como educadora formei uma imagem digna e forte, fiz amigos que o serão para enquanto manter viva a chama de reconhecimento e da alegria, pois será este meu novo compromisso, em processo de aposentadoria.
Fui aluna da forte "rede pública de ensino", lecionei sob a égide de uma política pública mal definida e mal compreendida, buscando sempre as melhores pedagogias para atingir os melhores resultados possíveis, importantes para mim e para toda uma equipe dentro de instituição de ensino .
Portanto, o Dia Internacional da Mulher, que, dentro da disciplina Língua Portuguesa me estimulou a trabalhar poesias, acrósticos, encenações de homenagem à mulher, à mãe, à raça, não somente neste dia, como sempre que o tema fosse encaixado na grade curricular e que houvesse estímulo e desejo de se fazê-lo, hoje me inspira a agradecer.
Agradecer a Deus, que nos deu esta natureza, aos nossos pais e antecessores que nos retransmitiram a vida, aos homens que nos acompanham e nos ajudam nesta nobre e doce missão humana de perpetuar vidas, aos nossos filhos que nos tornam plenas e a todas as instituições que se ocupam em defender e proteger a mulher.
Um agradecimento especial às mulheres que estão perto de mim, com os quais compartilho forças e supero fraquezas, aprendo/exercito a arte de ter fé na vida e no que ela nos trará a cada dia.
Um doce e terno beijo em minha filha Katiane, em minha nora Caroline, e em minhas netas Maria Luiza e Maria Clara, na certeza de que o melhor de mim, como mulher, elas haverão de disseminar neste mundo tão mais complexo do que o foi nos tempos de minha juventude até aqui....
Que Maria, Nossa Mãe, seja a inspiração e Deus, Nosso Senhor, nos ampare e nos conduza no amor e no compromisso de construir bons exemplos, valores e crenças, afinal ser mulher ou mãe é padecer no paraíso da disponibilidade do SIM.
Quantas vezes, em sala de aula, saindo de uma série de terceiro ano de ensino médio, onde o comprometimento com o pleno exercício da literatura, da linguística, da interpretação, produção, comprometimento artístico, releitura textual do falar e escrever bem para ser bem sucedido em exames, provas, concursos e, principalmente na vida pessoal de cada aluno portadores que somos de diferenças individuais, me via obrigada a adentrar em uma sala de quinta ou sexta séries do ensino fundamental, desta feita já vestindo o "eu" mãe-educadora, disciplinadora, terna e amiga, pois essa faixa etária depende e muito desse comprometimento de seus mestres e educadores para se tornarem um cidadão pleno e produtivo.
E ainda, já "esgotada na terceira aula, fazer uma auto preparação e preparação com os colegas professores para encarar bem e produtiva as terceiras aulas restantes do período, e, finalmente, ir para casa, descansar, retornar nos próximos turnos para completar a carga horária e esperar pelo parco salário, uma vez que é notório e público que um professor mal ganha para pagar seu transporte, sua alimentação, enfim, contribuir para a economia do lar.
Outrossim, jamais deixei de agradecer esta profissão, este dom ou talento, difícil de definir que é ser professor(a) em outros e nesses tempos. Como educadora formei uma imagem digna e forte, fiz amigos que o serão para enquanto manter viva a chama de reconhecimento e da alegria, pois será este meu novo compromisso, em processo de aposentadoria.
Fui aluna da forte "rede pública de ensino", lecionei sob a égide de uma política pública mal definida e mal compreendida, buscando sempre as melhores pedagogias para atingir os melhores resultados possíveis, importantes para mim e para toda uma equipe dentro de instituição de ensino .
Portanto, o Dia Internacional da Mulher, que, dentro da disciplina Língua Portuguesa me estimulou a trabalhar poesias, acrósticos, encenações de homenagem à mulher, à mãe, à raça, não somente neste dia, como sempre que o tema fosse encaixado na grade curricular e que houvesse estímulo e desejo de se fazê-lo, hoje me inspira a agradecer.
Agradecer a Deus, que nos deu esta natureza, aos nossos pais e antecessores que nos retransmitiram a vida, aos homens que nos acompanham e nos ajudam nesta nobre e doce missão humana de perpetuar vidas, aos nossos filhos que nos tornam plenas e a todas as instituições que se ocupam em defender e proteger a mulher.
Um agradecimento especial às mulheres que estão perto de mim, com os quais compartilho forças e supero fraquezas, aprendo/exercito a arte de ter fé na vida e no que ela nos trará a cada dia.
Um doce e terno beijo em minha filha Katiane, em minha nora Caroline, e em minhas netas Maria Luiza e Maria Clara, na certeza de que o melhor de mim, como mulher, elas haverão de disseminar neste mundo tão mais complexo do que o foi nos tempos de minha juventude até aqui....
Que Maria, Nossa Mãe, seja a inspiração e Deus, Nosso Senhor, nos ampare e nos conduza no amor e no compromisso de construir bons exemplos, valores e crenças, afinal ser mulher ou mãe é padecer no paraíso da disponibilidade do SIM.
quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015
Haicai, aniver do Júnior, meu filho
HAIKAI: FELIZ ANIVERSÁRIO!
Alô, simpatia!
Hoje, em seu aniversário
vela o seu ensino!
Faço este haicai
Como sinal de presença
nessa festa linda!
Creio que seus pontos
vão se tornando infinitos
e deixam sua marca
Você é o mistério
revelação do meu belo
e o essencial...
Você que é tão gente
quando exercita valente
a força do amor
Júnior, ensinou-me
a iniciar a conquista
plantar uma flor.
Não posso mandar-lhe
delas um lindo buquê
mas mando o perfume!...
Parabéns, querido!
Nunca lhe suba à cabeça
todo este sucesso!...
ESCRITOS FEITOS DA AMIZADE
ESCRITOS FEITOS DA AMIZADE
"O amor
ensinou-me a ser simples
como um largo de
igreja
onde não há
nenhum sino
nenhum lápis
nenhuma
sensualidade
(Verinha)
"Volto na segunda.
Vou te amando.
Sofro por deixar-te.
Fiquei querendo ser dois..
Não sou...
Preciso ir, quero ficar.
Onde poderei amar-te mais?"
(Rê)
"Você é o
Mistério
Em forma de
revelação
revelação do
belo...
do belo
existente no essencial
Você é gente
que é mais gente
pela força do
perdão!..."
(Lena)
"Alô
simpatia!
Sorria sempre.
Sorrir sim.
Dom somente ao
homem
oferecido por
Deus.
Se os homens
sorrisssem de novo!
Sorriso
expontâneo, puro
Fruto da
vivência divina em nós!
Perseverando
nestas belezas e dons
que hoje
cultivas
mudarás o
ambiente
qualquer que
seja.
Vela pela tua
pessoa e teu ensino.
Se somos frutos
do amor
só viveremos
(aqui e lá...)
se
amarmos".
(Pe. Facco/Ituverava)
"Aqui vai,
com atraso, mas em tempo,
meu sinal de
presença
na história de
sua vida,
que hoje registra
mais um ponto...
Creio que os
pontos vão se tornando infinitos...
Que deixem suas
marcas
para as passadas
de outros
em caminhada por
um mundo melhor!"
(Sardinha/Jales)
Ana é garota
Toda cheia de
explendor
Dela parte toda
nota
De alegria e de
amor
Ela é a
felicidade
na feição de
risos mil
que traz a
felicidade
ao seu lado,
tudo é anil
(Marley)
Parabéns pelo
aniversário
fico torcendo
para que a idade
nunca lhe suba à
cabeça
(Zico)
Se for para sua
própria realização
tente antes,
convencer nossos pais
antes de
decidi-lo sozinha...
"Ser
cristão
é concretizar as
próprias palavras em vida"
(Lavínia)
Ana Maria
Não devo
mandar-te hoje, uma rosa.
Mas jamais me
esquecerei de ti.
(Zezinho)
Nossa amizade
é uma via
necessária
um momento
privilegiado
para a extraordinária
amizade cristã.
(Cecília - "ARI")
Você nos
ensinou:
a plantar uma
flor,
iniciar uma
conquista...
Lembra?
(Coordenação da Pastoral de Juventude)
a)A SOLIDÃO
"Nunca
estamos sozinhos;
No mínimo,
estamos conosco
e isso faz
enorme a diferença!"
É nesses momentos
em que estamos a
sós
que nos vem a
inspiração,
que falamos a
nós mesmos,
que sentimos
necessidade
uns dos outros;
que acertamos,
reenquadramos
nossos
comportamentos
e crenças,
a nosso próprio
respeito
e a respeito dos
outros...
O estar a sós,
o estar com o
outro
são dois
momentos
profundamente
ricos
em significado e
vida...
alimenta-nos a
própria vida
e o amor!...
(João Luiz)
Menção Honrosa no MAPA CULTURAL PAULISTA
POESIA: A QUESTÃO DO NÃO SER...
Nesta vida fui de tudo
Fui mendigo, vagabundo
Fui menor abandonado
Fui adulto explorado
Político exilado...
Nas longas horas da noite
Faminto, sofri o açoite
Da desnutrição que consome
As energias de um homem...
No leito de um hospital
Conheci a dor mortal
No cárcere da prisão
Visitou-me a solidão...
Fui a mulher desamável
Na força, discriminada
Viúva, mal aposentada
Prostituta explorada...
Fui no ventre do pecado
O aborto condenado.
Fui criança sem escola,
no vício de cheirar cola.
Das calçadas fiz abrigo
Perambulando perdido
Tive meu crânio esmagado
Entre o lixo amontoado...
A dura questão do não ser
Será tributo ou
é sina?!
Se é livre arbítrio o viver
como é que fica a chacina?...
Primeira colocada no Primeiro Concurso de Crônicas de São Simão
CRÔNICA: Pedro
Ganso
(Amarós)
"Quanta
gente, que ri, talvez existe
cuja única ventura consiste
em
parecer aos outros venturosa"...
Década de 60,
meados dos anos 1962/1965, dependências internas do CAVIGA (Colégio Capitão Virgílio Garcia),
cidade de São Simão, município de Ribeirão Preto, cidade intitulada "Vale da Saúde", por haver
protegido em outras épocas, seus habitantes, de um surto virótico epidêmico que
atingiu quase toda a redondeza, exceto aquela cidade, com seu clima favorável,
situada entre os vales.
Foi lá onde conclui
com bastante êxito meus estudos de primeiro grau.
Na saída do
páteo escolar, distribuidos em filas, milhares de alunos do ginásio, clássico,
científico e escola normal cumprem a rígida disciplina interna, encaminhando-se
para o horário de descanso; Ao terceiro toque do sinal, esparramam-se e se
avolumam ao redor das altas grades que circundam o colégio, situado entre ruas
que jamais foram afastadas, ( não obstante os inúmeros abaixos assinados da
comunidade local e das autoridades escolares daquela cidade).
Aos gritos,
disputam os lanches, que em sua variedade, faziam enorme sucesso : dos
salgadinhos a sorvetes em forminhas de gelo, até tamarindos e uvas japonesas -
frutas públicas colhidas pela petizada da redondeza, que no afã da concorrência
escalavam oportunamente altas árvores, buscando priorizar o gosto colegial.
O alvoroço é
grande, o tempo pouco , as emoções!...
...Sempre
bastantes, principalmente quando a atenção de alguns alunos é voltada para o
início da ladeira que conduz ao colégio, onde, trôpego e alinhado, se aproxima
com seu chapéu, se bem me recordo, marca "Prada", combinando
com o terno de linho engomado, sapatos envernizados e uma bengala de madeira de
lei adornada em beirais de prata, o nosso
distinto personagem (distinto demais!) para o estilo da época.
- Lá vem ele,
pessoal!...
- Vem manso como
sempre...
- Querem ver
como ele acelera rápido e chega até aqui num minuto?
Todos queriam, é
claro e sabiam exatamente como se divertir com tal proeza.
- Pedrooo! Hei, Pedro! O que é que hoje trazes
nos livros prá mim: Francês, Inglês ou Latim?...
- Diz em
Português, Pescoço de Ganso...
O velho,
alquebrado e extenuado ante as limitações que a idade, a deficiência física e
as más condições da caminhada lhe impunham, visivelmente contrariado com as
costumeiras injúrias, extravasa o
cansaço erguendo sua bengala e proferindo ameaças aos importunos, que as
revidam:
- Não chegue
muito perto que a grade está eletrificada,
Ganso...
- Estica o
pescoço, quem sabe ele nos alcança...
Em meio às gargalhadas,
o pobre homem procurava atingir com bengaladas, até mesmo as pessoas que
estavam do lado de fora do colégio, até que se aproxima dos alunos a inspetora
Tereza, e tolhe com energia a ação vândala e libertina, na organização das filas para o reinício das aulas daquele
período vespertino.
Permanecem na
quadra de esportes somente os alunos das 5as. séries, acompanhados pelos
professores de Educação Física - "Dona" Déa e "Seu"
Júlio, que treinava voluntários para as
olimpíadas escolares de fim-de-ano.
Eu que sempre me
inscrevera para as disputas de atletismo, nos saltos em altura e com
obstáculos, amarrava os cordões do tênis enquanto descortinava rápido da
memória, os comentários que se faziam sobre o velho corcunda, do pescoço torto:
um poliglota que , devido ao acúmulo de conhecimentos obtidos, atropelava
linguagens, desordenadamente, no desequilíbrio da mente.
Mas só por causa
disso, podia ser repudiado em sua demência e excluido de todo e qualquer
aparato, que em nome do direito à vida todos
merecemos ?...
Comparo
desoladamente, que na contemporaneidade, são tantos os repudiados, discriminados, desvalorizados, por certo
como este nosso Pedro: dos exilados aos asilados, dos sem teto aos
analfabetos, dos sem terra aos "bóias-frias", estrangeiros, seringueiros,
aidéticos, tetraplégicos, até aos nossos índios, artistas, professores,
viúvas, vozes abafadas, e
"incômodas" numa sociedade que faz da ação da cidadania contra a fome de um dia, sua falsa ventura.
A todos eles,
os Pedros que Deus ama, trago um verso
calado, livre, no coração:
Pedro, um dos
filhos meus/ por tudo o que já sofreu/ diante da vida faz-se manso/ e ainda o
oprimem os ateus:/ - Pedro, pescoço de ganso!...
CONTO: O PRIMEIRO ADEUS
CONTO: O PRIMEIRO ADEUS
Chegada a hora
de partir, ela tratou de juntar tudo.
Afinal , para
começar, na cidade grande, não lhe era suficiente carregar somente os sonhos,
mesmo que fossem tão grandes a ponto de neles se escorar, pronta a tudo enfrentar.
Estes, eram sem
dúvida nenhuma, enormes, do tamanho do ideal que a impulsionava para a frente,
rumo ao desconhecido, que, em sua
fantasia lhe chegava em forma de um
enorme cavalo alado, e a levava a galopar
pela imensidão do espaço, ao encontro da maior estrela.
Juntou
rapidamente tudo o que possuía: algumas roupas, poucos sapatos, os brincos,
anéis, objetos de uso pessoal, ah! carregou junto com tudo isso, a sua família:
pais, irmãos, sobrinhos, grande parte do seu tudo até então conquistado.
Do alto do
caminhão de mudanças correu a vista por aquele que havia sido até então seu
paraiso: sentiu o perfume das flores, experimentou novamente o gosto das
frutas, ouviu embalada o canto dos passarinhos amigos, tudo isso indispensável
ao fortalecimento da alma que agora insistia em se vestir de aventureira.
Também não se
esqueceu de amontoar à bagagem, múltiplas e prazenteiras experiências ali
vividas.
Mantinha
constante o mesmo espírito de luta, herança paterna do pai recentemente
falecido, aquele que lhe ensinara no exercício sábio da meditação, dia-a-dia
praticado, que: "Partir é sempre um começo, mas chegar lá nem sempre é o
fim"...
- Nany! A voz da
mãe trouxe-a novamente ao momento presente.
- Nany, minha
filha, o que é que fazemos com o bichano? A galinha, o papagaio, será que
adianta levar? Hão de sobreviver na viagem?...
De fato,se
resistissem à quilometragem percorrida, à nova vida poderiam não se habituar,
acostumados que foram, à liberdade dos campos. Melhor deixar, disse à mãe...
Nany, do alto
dos seus 15 anos, pensava ja, como
adulta, 4a. filha de uma família de 7 irmãos. E como tal, reavaliava as emoções
vividas até então, ali, no aconchego do lar, entre prazeres campestres, e,
pensando bem, não era pouco tudo o o que desfrutara da vida que levava, lá
naquele pedaço de terra, onde estudar para os mais jovens e trabalhar para os
adultos, resumiam a maior atividade. Fora, é claro, desbravar matas em busca do
fruto nativo, escalar altas árvores, desafiar a si e a qualquer obstáculo que
se interpunha entre ela e os seus prazeres.
- Mãe, tenho
certeza que a Tereza há de ficar muito contente se lhe entregarmos o Muxoxô, o
Relo e a Lica, já que o Carlinhos e o Beto sempre se deram muito bem com todos
eles.Não se esqueça de entregar-lhe também as chaves dos fundos para retirar da
dispensa, os quadros que ali estão.
Os quadros!
Amarelaram nas paredes da sala, especialmente aquele da Virgem com Seu Filho,
com o coração trespassado por espinhos, diante do qual tantas vezes rezara.
Tinha também
aquele da Santa Ceia, onde os apóstolos eram crianças, filmadas na região por
um fotógrafo da cidade, que chegou a conquistar
prêmios por essa sua obra de
arte.
Foi revendo,
cômodo por cômodo, os objetos que ali permaneciam, misturados às lembranças que
cada um deles lhe trazia: o velho
torrador de café, das tardes quentes e preguiçosas, onde, em companhia das
irmãs se ocupava em preparar o café caboclo,torrado entre o cacarejar das
galinhas caipiras, cada uma com seu nome,dentre elas, a Lica, preferida por ser a mais alegre,
cantarolando o dia todo; do moedor de frutas, regalo de toda sua gente, pelos
doces saborosos estocados nas gavetas do velho guarda-comidas, aproveitando a generosidade das frutas de
época.
Estava agora em
seu quarto, onde, colchões de crina animal expunham-se nus, vítimas dos
"puxa-puxa" nas brincadeiras travessas dos 7 filhos, em dias de
chuva.
À sua frente, o
"quarto dos fundos", onde
jogado a um canto estava o moedor de milhos e café, o que a fez lembrar dos castigos
aplicados quando o aproveitamento escolar não agradava ao pai, sempre muito
exigente.
Retornou à
varanda, e uma lágrima, oportunamente escorrida de seus olhos, molhou o par de
antúreos vermelhos, cujas folhas estranguladas traziam-lhe a lembrança das
bolas que ali foram arremessadas. Removeu-o e avistou aquele espaço descorado
do vermelhão , que a mãe tanto insistia para que se encerasse.
Voltou ao
interior da casa e postou-se diante dos degraus que davam para o tanque aberto
e para o quintal.
Ao redor do
tanque, os arreios, a velha montaria, de tantos galopes pelos campos à procura
do "Negrinho do Pastoreio", fantasia criada pela imaginação das irmãs
mais velhas. Só serviam agora como adorno daquele lindo cenário campestre.
Avistou o velho forno,construido com a ajuda da avó materna, que com sua
família morou algum tempo, antes de se transferir para a casa de outro filho,
na capital; a velha parreira de uvas, o mais velho pé de amoras, a outra
escadaria que levava à horta, tantas vezes regada por suas mãos.
No quintal,
subiu no pé de fruta do conde, e lá do alto avistou o quintal do vizinho, a
três casas da sua, onde a mangueira carregada de mangas conduziu-a àquele
último dia de aulas, primeiro das férias semestrais, quando seu primo, subindo para
apanhar a única manga "foguinho" escondida nas pontas, despencara sobre a caixa de
ferramentas deixada no chão, para, tão
logo apanhasse a fruta, ajudaria o pai nos
reparos de sua bicicleta. Nunca conseguiu apagar da lembrança aquele
dia, pois foi quando presenciou pela primeira vez um defunto no caixão.Tinha em
mente, desde então, que a morte está sempre e impiedosamente perto de momentos
muito felizes.
Apanhou algumas
frutas do pomar, sempre próspero, e com elas encheu algumas sacolas: de manga,
laranjas, abacate, banana...
Voltou para o
interiorda casa, onde a mãe e os irmãos,ansiosos a aguardavam.
- Rápido, mana.
O motorista tem pressa, que o sol já vem vindo e a viagem é longa, pretende
chegar lá antes do escurecer.
- Vá se despedir
de suasamigas e da vizinhança, enquanto acabamos de carregar...
Ela fez questão
de primeiro trancar a casa. Uma a uma,
as portas internas , iam sendo fechadas. Diante da copa, onde em épocas de
Natal se armava o presépio, demorou mais um instante: o suficiente para visualizar
as horas prazenteiras em que se punha a
percorrer os campos junto de suas irmãs, à procura de "lodo" e
"graminha" para enfeitar o lago artificial, onde peixinhos feitos de barro atraiam a atenção
da garotada da redondeza.
Última imagem: a
da fé!
O tempo se
esgotando, Nany foi saindo. Trancadas as portas, encerrava naqueles cômodos,
velhos sonhos - os mais belos! - de sua vida.
Lá fora, em
pouco tempo, despediu-se de todos os amigos. Os que com ela, lado a lado,
estiveram sempre: nos piores e nos melhores dias, desses quinze anos que já lhe
pareciam ser mais.
Mais uma vez, a
voz da mãe lhe trazia a força necessária para recomeçar:
- Vamos, Nany!
Rápido filha, estamos todos esperando por você...
Nany sorriu ,
agora descontraidamente, para um punhado de pessoas.
Do alto da
caminhão, amontoada às trouxas de roupas, acenou com a mão, gesto firme de quem
leva e deixa atrás de si, grandes marcas...
Na distância, o primeiro adeus, a primeira despedida!...
Projetos
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GÊNEROS LITERÁRIOS - ASES EM HAICAIS
GÊNEROS LITERÁRIOS
VERSIFICAÇÃO
METRO
Metro é a medida ou extensão da linha poética.
Os poetas de língua portuguesa têm usado, dentro da poética tradicional, doze espécies de versos: de uma até doze sílabas. São relativamente raros os exemplos de versos metrificados que ultrapassam esta medida.
Segundo o número de sílabas, os versos se dizem monossílabos, dissílabos, trissílabos, tetrassílabos, pentassílabos, hexassílabos, heptassílabos, octossílabos, eneassílabos, decassílabos, hendecassílabos e dodecassílabos.
Alguns versos possuem ainda denominações especiais: redondilha menor (o de 5 sílabas), redondilha maior (o de 7 sílabas), heróico (o de 10 sílabas), alexandrino (o de 12 sílabas).
As sílabas métricas, isto é, as sílabas dos versos, nem sempre coincidem com as sílabas gramaticais. A contagem das sílabas métricas faz-se auditivamente e subordina-se aos seguintes princípios:
l) Quando duas ou mais vogais se encontram no fim de uma palavra e começo de outra, e podem ser pronunciadas numa só emissão de voz, unem-se numa única sílaba métrica. Exemplos:
"A i|da|de aus|te|ra e | no|bre a | que | che|ga|mos."
(Alberto de Oliveira)
1 2 A|cha em | lu|gar | da | gló|ria o| lo|do im|pu|ro."
(Olavo Bilac)
Observações:
a) Para que tais uniões vocálicas não sejam duras e malsoantes, as vogais (pelo menos a primeira delas) devem ser átonas e não passar de três;
b) Não se unem vogais tônicas (vi | ó|dios; es|tá | ú|mi|do, etc.) nem é aconselhável juntar tónicas com átonas (a|li | o | ve|jo; se|rá |es|po|sa, etc.).
2) Ditongos crescentes valem, geralmente, uma só sílaba métrica: de-lí-cia, pie-do-so, tê-nue, per-pé-tuo, sá-bio, quie-to, i-ní-quo:
0|pe|rá|rio | mo|des|to, a|be|lha |po|bre.
(Olavo Bilac)
Observação:
As vezes, porém, poetas dissolvem ditongos crescentes em hiatos. A esta dissolução chama-se diérese:
"Nem | fez | cas|te |los | gran|di|o|sos
so|bre as | a|rei |as | mo|ve |di |ças?"
(Cabral do Nascimento)
3) Não se conta(m) a(s) sílaba(s) que segue(m) ao último acento tônico do verso. Exemplo:
"Quan|do | no | poen|te o | sol | des |do|bra as |clâ|mides
de | san|gue e | de oi| ro | que | nos | om |bros | le|va,"
(Cabral do Nascimento)
Observação:
Esta regra só atinge versos graves (= os que terminam por palavra paroxítona) e esdrúxulos (= os que terminam por palavra proparoxítona).
Nos versos agudos (= os que terminam por palavra oxítona), contam-se, é óbvio, todas as sílabas:
"Dei|xa | cor |rer |a | fon|te | da i |lu |são!"
(Cabral do Nascimento)
PROCESSOS PARA A REDUÇÃO DO NÚMERO DE SÍLABAS MÉTRICAS
Para atender às exigências da métrica, os poetas recorrem à:
1) crase (fusão de duas vogais iguais numa só):
acalma [al-ma]; o ódio [d-áio]; fogé~è grita [fo-ge-gri-ta]
2) elisão (supressão da vogal átona final de um vocábulo, quando o seguinte começa por vogal):
Ela estava só [e-les-ta-va-so]; duma (por de uma); como um bravo [co-mum-bra-vo]
3) sinalefa ou ditongação (fusão de uma vogal átona final com a seguinte, formando ditongo):
este amor [es-tia-mor],
sobre o mar[so-briu-mar],
aquela imagem [a-que-lei-ma-gem],
moço infeliz [mo-çuin-fe-liz]
4) sinérese (transformação de um hiato em ditongo, na mesma palavra):
crueldade [cruel-da-de}, luar, fiel, magoado [ma-gua-do}
5) ectlipse (supressão de um fonema nasal final, para possibilitar a crase ou ditongação):
co, cos, côa, côas (por com o, com os, com a, com as)
6) aférese (supressão de sílaba ou fonema inicial):
té (por até), inda (por ainda), 'stamos (por estamos)
Metro é a medida ou extensão da linha poética.
Os poetas de língua portuguesa têm usado, dentro da poética tradicional, doze espécies de versos: de uma até doze sílabas. São relativamente raros os exemplos de versos metrificados que ultrapassam esta medida.
Segundo o número de sílabas, os versos se dizem monossílabos, dissílabos, trissílabos, tetrassílabos, pentassílabos, hexassílabos, heptassílabos, octossílabos, eneassílabos, decassílabos, hendecassílabos e dodecassílabos.
Alguns versos possuem ainda denominações especiais: redondilha menor (o de 5 sílabas), redondilha maior (o de 7 sílabas), heróico (o de 10 sílabas), alexandrino (o de 12 sílabas).
As sílabas métricas, isto é, as sílabas dos versos, nem sempre coincidem com as sílabas gramaticais. A contagem das sílabas métricas faz-se auditivamente e subordina-se aos seguintes princípios:
l) Quando duas ou mais vogais se encontram no fim de uma palavra e começo de outra, e podem ser pronunciadas numa só emissão de voz, unem-se numa única sílaba métrica. Exemplos:
"A i|da|de aus|te|ra e | no|bre a | que | che|ga|mos."
(Alberto de Oliveira)
1 2 A|cha em | lu|gar | da | gló|ria o| lo|do im|pu|ro."
(Olavo Bilac)
Observações:
a) Para que tais uniões vocálicas não sejam duras e malsoantes, as vogais (pelo menos a primeira delas) devem ser átonas e não passar de três;
b) Não se unem vogais tônicas (vi | ó|dios; es|tá | ú|mi|do, etc.) nem é aconselhável juntar tónicas com átonas (a|li | o | ve|jo; se|rá |es|po|sa, etc.).
2) Ditongos crescentes valem, geralmente, uma só sílaba métrica: de-lí-cia, pie-do-so, tê-nue, per-pé-tuo, sá-bio, quie-to, i-ní-quo:
0|pe|rá|rio | mo|des|to, a|be|lha |po|bre.
(Olavo Bilac)
Observação:
As vezes, porém, poetas dissolvem ditongos crescentes em hiatos. A esta dissolução chama-se diérese:
"Nem | fez | cas|te |los | gran|di|o|sos
so|bre as | a|rei |as | mo|ve |di |ças?"
(Cabral do Nascimento)
3) Não se conta(m) a(s) sílaba(s) que segue(m) ao último acento tônico do verso. Exemplo:
"Quan|do | no | poen|te o | sol | des |do|bra as |clâ|mides
de | san|gue e | de oi| ro | que | nos | om |bros | le|va,"
(Cabral do Nascimento)
Observação:
Esta regra só atinge versos graves (= os que terminam por palavra paroxítona) e esdrúxulos (= os que terminam por palavra proparoxítona).
Nos versos agudos (= os que terminam por palavra oxítona), contam-se, é óbvio, todas as sílabas:
"Dei|xa | cor |rer |a | fon|te | da i |lu |são!"
(Cabral do Nascimento)
PROCESSOS PARA A REDUÇÃO DO NÚMERO DE SÍLABAS MÉTRICAS
Para atender às exigências da métrica, os poetas recorrem à:
1) crase (fusão de duas vogais iguais numa só):
acalma [al-ma]; o ódio [d-áio]; fogé~è grita [fo-ge-gri-ta]
2) elisão (supressão da vogal átona final de um vocábulo, quando o seguinte começa por vogal):
Ela estava só [e-les-ta-va-so]; duma (por de uma); como um bravo [co-mum-bra-vo]
3) sinalefa ou ditongação (fusão de uma vogal átona final com a seguinte, formando ditongo):
este amor [es-tia-mor],
sobre o mar[so-briu-mar],
aquela imagem [a-que-lei-ma-gem],
moço infeliz [mo-çuin-fe-liz]
4) sinérese (transformação de um hiato em ditongo, na mesma palavra):
crueldade [cruel-da-de}, luar, fiel, magoado [ma-gua-do}
5) ectlipse (supressão de um fonema nasal final, para possibilitar a crase ou ditongação):
co, cos, côa, côas (por com o, com os, com a, com as)
6) aférese (supressão de sílaba ou fonema inicial):
té (por até), inda (por ainda), 'stamos (por estamos)
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GÊNEROS LITERÁRIOS
PROSA
Por tratar-se de temas definidos por vários literatos, necessário foi pesquisar diversos autores. O ponto convergente das definições procurei trazê-las, de modo claro, compreensível até para um estudante de primeiro grau. Falarei, primeiramente sobre a Prosa. Esta é a maneira em que nos expressamos diariamente. Ela é objetiva, obedece à razão que a ordena e equilibra simultaneamente com a sensibilidade.
Usa a metáfora prosaíca. A linguagem da prosa retrata, descreve, narra, fixa os aspectos históricos, visíveis, sujeitos à observação de todos – é linguagem denotativa. A linguagem adquire logicidade e ritmo próprio que a aproxima da linguagem filosófica.
A prosa é a expressão do " não-eu", do objeto, segundo Massaud Moisés. Quem escreve pensa e sente dirigindo-se para fora de si próprio, procurando seu núcleo de interesse na realidade exterior.
A prosa literária se desenvolveu com o Romantismo, a partir do século XVIII. Temos, na prosa, o conto, o romance, a novela, a fábula, o apólogo, a anedota etc.
A prosa representativa abrange o teatro, com suas manifestações: tragédia, comédia, farsa, mistério, milagre etc.
Na prosa expositiva há a crítica, a história, a carta, o ensaio, etc.
O Conto
A palavra "conto" veio do grego Kontos; do latim contu.
Para Soares Amora, o conto é breve simples narrativa, é mais antigo e comum na história das literaturas, que as longas narrativas. Foi cultivado pelos árabes, na Europa Ocidental, na Espanha, na Itália, na França, na Rússia e outros países.
Tornou-se gênero narrativo bastante estimado.
É narrativa pouco extensa, concisa, devendo contar unidade dramática, concentrando-se a ação num único ponto de intesse.
O conto deve ter um só conflito, uma só ação. Deve ser narrado em terceira pessoa e ter epílogo surpreendente, boa trama linear. O diálogo é imprescindível no conto. E deve ter objetividade de ação, de lugar e de tempo.
A crônica
Do latim Chronica . Para Aurélio Buarque de Holanda, crônica é a narraçãp histórica ou registro de fatos comuns feitos por ordem cronológica. Em suma, é um pequeno conto de enredo indeterminado. O estilo é coloquial, versando sobre acontecimentos reais, fatos ou idéias da atualidade, de teor artístico, político, esportivo etc ou relativos à vida quotidiana. A posição do cronista deve ser tal, da maneira que não penda para o vulgar, nem para o humor, nem para a filosofia. Muitas revistas, no passado, tornaram-se conhecidas por suas crônicas impecáveis. Nos jornais destes tempos ainda encontramos boas crônicas, cuja temática é variada e bem interessante. A crônica pode atingir a obra de arte, como sucedeu à epístola, a qual precedeu cronologicamente à crônica, em tempos antigos.
Maria Siriani Del Nero
Membro fundador da ASES e da Academia Brasileira de Estudos e Pesquisas literárias de Brasília.
Usa a metáfora prosaíca. A linguagem da prosa retrata, descreve, narra, fixa os aspectos históricos, visíveis, sujeitos à observação de todos – é linguagem denotativa. A linguagem adquire logicidade e ritmo próprio que a aproxima da linguagem filosófica.
A prosa é a expressão do " não-eu", do objeto, segundo Massaud Moisés. Quem escreve pensa e sente dirigindo-se para fora de si próprio, procurando seu núcleo de interesse na realidade exterior.
A prosa literária se desenvolveu com o Romantismo, a partir do século XVIII. Temos, na prosa, o conto, o romance, a novela, a fábula, o apólogo, a anedota etc.
A prosa representativa abrange o teatro, com suas manifestações: tragédia, comédia, farsa, mistério, milagre etc.
Na prosa expositiva há a crítica, a história, a carta, o ensaio, etc.
O Conto
A palavra "conto" veio do grego Kontos; do latim contu.
Para Soares Amora, o conto é breve simples narrativa, é mais antigo e comum na história das literaturas, que as longas narrativas. Foi cultivado pelos árabes, na Europa Ocidental, na Espanha, na Itália, na França, na Rússia e outros países.
Tornou-se gênero narrativo bastante estimado.
É narrativa pouco extensa, concisa, devendo contar unidade dramática, concentrando-se a ação num único ponto de intesse.
O conto deve ter um só conflito, uma só ação. Deve ser narrado em terceira pessoa e ter epílogo surpreendente, boa trama linear. O diálogo é imprescindível no conto. E deve ter objetividade de ação, de lugar e de tempo.
A crônica
Do latim Chronica . Para Aurélio Buarque de Holanda, crônica é a narraçãp histórica ou registro de fatos comuns feitos por ordem cronológica. Em suma, é um pequeno conto de enredo indeterminado. O estilo é coloquial, versando sobre acontecimentos reais, fatos ou idéias da atualidade, de teor artístico, político, esportivo etc ou relativos à vida quotidiana. A posição do cronista deve ser tal, da maneira que não penda para o vulgar, nem para o humor, nem para a filosofia. Muitas revistas, no passado, tornaram-se conhecidas por suas crônicas impecáveis. Nos jornais destes tempos ainda encontramos boas crônicas, cuja temática é variada e bem interessante. A crônica pode atingir a obra de arte, como sucedeu à epístola, a qual precedeu cronologicamente à crônica, em tempos antigos.
Maria Siriani Del Nero
Membro fundador da ASES e da Academia Brasileira de Estudos e Pesquisas literárias de Brasília.
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GÊNEROS LITERÁRIOS
CRÔNICA
A crônica é um gênero híbrido que oscila entre a literatura e o jornalismo, resultado da visão pessoal, particular, subjetiva do cronista ante um fato qualquer, colhido no noticiário do jornal ou no cotidiano. É uma produção curta, apressada (geralmente o cronista escreve para o jornal alguns dias da semana, ou tem uma coluna diária), redigida numa linguagem descompromissada, coloquial, muito próxima do leitor. Quase sempre explora a humor; mas às vezes diz coisas sérias por meio de uma aparente conversa – fiada. Noutras, despretensiosamente faz poesia da coisa mais banal e insignificante.
Registrando o circunstancial do nosso cotidiano mais simples, acrescentando, aqui e ali, fortes doses de humor, sensibilidade, ironia, crítica e poesia, o cronista, com graça e leveza, proporciona ao leitor uma visão mais abrangente que vai muito além do fato; mostra –lhe, de outros ângulos, o sinal de vida que diariamente deixamos escapar.
Um rápido confronto entre conto e crônica
A crônica é o relato de um flash, de um breve momento do cotidiano de uma ou mais personagens. O que diferencia a crônica do conto é o tempo, a apresentação da personagem e o desfecho.
No conto, as ações transcorrem num tempo maior: dias, meses, até anos, o que não se dá na crônica, que procura captar um lance curioso, um momento interessante, triste ou alegre. No conto, a personagem é analisada e/ou caracterizada, há maior densidade dramática e freqüentemente um conflito, resolvido em desfecho. Na crônica, geralmente não há desfecho, esse fica para o leitor imaginar e, depois, tirar suas conclusões. Uma das finalidades da crônica é justamente apresentar o fato, nu, seco e rápido, mas não concluí-lo. A possível tese fica a meio caminho, sugerida, insinuada, para que o leitor reflita e chegue a ela por seus próprios meios.
Vamos supor que você surpreenda um garoto pobre tremendo de frio e olhado fixamente para um pulôver novinho na vitrina duma loja. Ora, isso dá uma excelente crônica. Você relataria o flash, a cena em si, mas não o desfecho: o menino comprou ou não o pulôver? Nada disso. Acabando de "pintar" o quadro, terminaria o texto, deixando o leitor a tarefa de refletir sobre a miséria, a fome, a má distribuição de renda, a injustiça social etc. É essa, muita vezes, a finalidade da crônica e a intenção do cronista. Seu texto não tem resolução, não tem moral como na fábula, é aberto para que cada leitor crie o final que melhor desejar. O cronista, no fundo, deseja que seu leitor seja um co-autor. A crônica, grosso modo, equivale à ilustração dum texto dissertativo, sendo um meio-termo entre narração e dissertação.
Registrando o circunstancial do nosso cotidiano mais simples, acrescentando, aqui e ali, fortes doses de humor, sensibilidade, ironia, crítica e poesia, o cronista, com graça e leveza, proporciona ao leitor uma visão mais abrangente que vai muito além do fato; mostra –lhe, de outros ângulos, o sinal de vida que diariamente deixamos escapar.
Um rápido confronto entre conto e crônica
A crônica é o relato de um flash, de um breve momento do cotidiano de uma ou mais personagens. O que diferencia a crônica do conto é o tempo, a apresentação da personagem e o desfecho.
No conto, as ações transcorrem num tempo maior: dias, meses, até anos, o que não se dá na crônica, que procura captar um lance curioso, um momento interessante, triste ou alegre. No conto, a personagem é analisada e/ou caracterizada, há maior densidade dramática e freqüentemente um conflito, resolvido em desfecho. Na crônica, geralmente não há desfecho, esse fica para o leitor imaginar e, depois, tirar suas conclusões. Uma das finalidades da crônica é justamente apresentar o fato, nu, seco e rápido, mas não concluí-lo. A possível tese fica a meio caminho, sugerida, insinuada, para que o leitor reflita e chegue a ela por seus próprios meios.
Vamos supor que você surpreenda um garoto pobre tremendo de frio e olhado fixamente para um pulôver novinho na vitrina duma loja. Ora, isso dá uma excelente crônica. Você relataria o flash, a cena em si, mas não o desfecho: o menino comprou ou não o pulôver? Nada disso. Acabando de "pintar" o quadro, terminaria o texto, deixando o leitor a tarefa de refletir sobre a miséria, a fome, a má distribuição de renda, a injustiça social etc. É essa, muita vezes, a finalidade da crônica e a intenção do cronista. Seu texto não tem resolução, não tem moral como na fábula, é aberto para que cada leitor crie o final que melhor desejar. O cronista, no fundo, deseja que seu leitor seja um co-autor. A crônica, grosso modo, equivale à ilustração dum texto dissertativo, sendo um meio-termo entre narração e dissertação.
Bibliografia:
Massaud Moisés – A criação literária
Antonio Soares Amora - Teoria da Literatura
Aurélio Buarque de Holanda- Dicionário da Língua Portuguesa
José Paulo Paes e Massaud Moisés – Pequeno Dicionário da Literatura Brasileira.
Sergio Milliet – De ontem, de hoje e de sempre.
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GÊNEROS LITERÁRIOS
CONTO
Estrutura do Conto
1 – Unidade dramática
2 – Unidade de tempo
3 – Unidade de espaço
4 – Número reduzido de personagens
5 – Diálogo dominante
6 – Descrição e narração (tendem a anular-se)
7 – Dissertação (praticamente ausente)
CONTO – História completa e fechada como um ovo. É uma célula dramática, um só conflito, uma só ação. A narrativa passiva de ampliar-se não é conto.
Poucas são as personagens em decorrência das unidades de ação, tempo e lugar. Ainda em conseqüência das unidades que governam a estrutura do conto, as personagens tendem a ser estáticas, porque as surpreende no instante climático de sua existência. O contista as imobiliza no tempo, no espaço e na personalidade (apenas uma faceta de seu caráter).
O conto se semelha a uma tela em que se fixasse o ápice de uma situação humana.
ESTRUTURA - É essencialmente objetivo, horizontal e narrado em 3ª pessoa. Foge do introspectivismo para a realidade viva, presente, concreta.
Divagações são escusadas. Breve história. Todas as palavras hão de ser suficientes e necessárias e devem convergir para o mesmo alvo. O dado imaginativo se sobrepõe ao dado observado. A imaginação, necessariamente presente, é que vai conferir à obra o caráter estético. Jamais se perde no vago. Prende –se à realidade concreta. Daí nasce o realismo, a semelhança com a vida.
LINGUAGEM – Objetiva; utilizar metáforas de imediata compreensão para o leitor; despe –se de abstrações e da preocupação com o rebuscamento.
O conto desconhece alçapões subterrâneos ou segundas intenções. Os fatos devem estar presentes e predominantes. Ação antes da intenção.
Dentre os componentes da linguagem do conto, o dialógo é o mais importante de todos. Está em primeiro lugar; por dramático, deve ser tanto quanto possível dialogado.
Os conflitos, os dramas residem na fala das pessoas, nas palavras ditas, não no resto. Sem diálogos não há discórdia, desavença ou mal – entendido e, sem isso, não há conflito e nem ação.
As palavras como signos de sentimentos, de idéias, emoções, podem construir ou destruir. Sem diálogo torna –se impossível qualquer forma completa de comunicação. A música e a dança transmitem parcialmente tudo o que o homem sente ou pensa. O meio ideal de comunicação é a palavra, sobretudo na forma de diálogo.
O diálogo é a base expressiva do conto: diálogo direto, indireto e interior.
No conto, predomina o diálogo direto que permite uma comunicação imediata entre o leitor e a narrativa.
Se usado diálogo indireto em excesso, o conto falha ou é de estreante.
Diálogo interior: trata –se de um requintado expediente formal, de complexo e difícil manuseio.
Outro expediente lingüístico é a narração, que deve aparecer em quantidade reduzida, proporcional ao diálogo.
Os escritores neófitos ou inexperientes usam e abusam da narração, por ser um recurso fácil, que prescinde das exigências próprias do diálogo. É um recurso que tende a zero no conto.
A descrição ocupa semelhante lugar na estrutura do conto. Está fora de cogitação o desenho acabado das figuras. Ao contrário, o conto não se preocupa em erguer um retrato completo das personagens, mas centram –se nos conflitos entre as personagens.
A descrição da natureza, ou do ambiente, ocupa ainda mais modesto, pois o drama expresso pelo diálogo, dispensa o cenário. O drama mora nas pessoas, não nas coisas e nem na roupagem.
A descrição completa-se com 2 ou 3 notas singelas, apenas para situar o conflito no espaço.
TRAMA - Linear, objetiva. A cronologia do conto é a relógio, de modo que o leitor vê os fatos se sucederem numa continuidade semelhante à vida real.
O conto, ao começar, já está próximo do epílogo. A precipitação domina o conto desde a primeira linha.
No conto, a ação caminha claramente à frente. Todavia, como na vida real, que pretende espelhar, de um momento para o outro deflagra o estopim e o drama explode imprevistamente. A grande força do conto e o calvário dos contistas consiste no jogo narrativo para prender o interesse do leitor até desenlace, que é, regra geral, um enigma.
O final enigmático deve surpreender o leitor, deixar – lhe uma semente de meditação ou de pasmo perante a nova situação conhecida.
A vida continua e o conto se fecha inseqüente.
Casos há em que o enigma vem diluindo no decorrer do conto. Neste caso ele se aproxima da crônica ou corresponde a episódio de romance.
FOCO NARRATIVO – 1ª e 3ª pessoas. O conto transmite uma única impressão ao leitor.
Começo e epílogo: O epílogo do conto é o clímax da história. Enigmático por excelência, deve surpreender o leitor.
O contista deve estar preocupado com o começo, pois das primeiras linhas depende o futuro do resto, do que terminar.
O começo está próximo do fim. E o contista não pode perder tempo com delongas que enfastiam o leitor, interessado no âmago da história.
O início é a grande escolha. O contista deve saber como começar, o romancista.
A posição do leitor diante do conto é de quem deseja, às pressas, desentediar – se. Ele procura no conto o desenfado e o deslumbramento perante o talento que coloca em reduzidas páginas tanta humanidade em chama.
O contista sacrifica tudo quanto possa perturbar a idéia de completude e unidade.
CONCLUSÃO
A narrativa passível de ampliar-se ou adaptar-se a esquema diversos, ainda que o seu autor a considere, impropriamente, não pode ser classificada de conto.
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H A I C A I S
Poucas são as personagens em decorrência das unidades de ação, tempo e lugar. Ainda em conseqüência das unidades que governam a estrutura do conto, as personagens tendem a ser estáticas, porque as surpreende no instante climático de sua existência. O contista as imobiliza no tempo, no espaço e na personalidade (apenas uma faceta de seu caráter).
O conto se semelha a uma tela em que se fixasse o ápice de uma situação humana.
ESTRUTURA - É essencialmente objetivo, horizontal e narrado em 3ª pessoa. Foge do introspectivismo para a realidade viva, presente, concreta.
Divagações são escusadas. Breve história. Todas as palavras hão de ser suficientes e necessárias e devem convergir para o mesmo alvo. O dado imaginativo se sobrepõe ao dado observado. A imaginação, necessariamente presente, é que vai conferir à obra o caráter estético. Jamais se perde no vago. Prende –se à realidade concreta. Daí nasce o realismo, a semelhança com a vida.
LINGUAGEM – Objetiva; utilizar metáforas de imediata compreensão para o leitor; despe –se de abstrações e da preocupação com o rebuscamento.
O conto desconhece alçapões subterrâneos ou segundas intenções. Os fatos devem estar presentes e predominantes. Ação antes da intenção.
Dentre os componentes da linguagem do conto, o dialógo é o mais importante de todos. Está em primeiro lugar; por dramático, deve ser tanto quanto possível dialogado.
Os conflitos, os dramas residem na fala das pessoas, nas palavras ditas, não no resto. Sem diálogos não há discórdia, desavença ou mal – entendido e, sem isso, não há conflito e nem ação.
As palavras como signos de sentimentos, de idéias, emoções, podem construir ou destruir. Sem diálogo torna –se impossível qualquer forma completa de comunicação. A música e a dança transmitem parcialmente tudo o que o homem sente ou pensa. O meio ideal de comunicação é a palavra, sobretudo na forma de diálogo.
O diálogo é a base expressiva do conto: diálogo direto, indireto e interior.
No conto, predomina o diálogo direto que permite uma comunicação imediata entre o leitor e a narrativa.
Se usado diálogo indireto em excesso, o conto falha ou é de estreante.
Diálogo interior: trata –se de um requintado expediente formal, de complexo e difícil manuseio.
Outro expediente lingüístico é a narração, que deve aparecer em quantidade reduzida, proporcional ao diálogo.
Os escritores neófitos ou inexperientes usam e abusam da narração, por ser um recurso fácil, que prescinde das exigências próprias do diálogo. É um recurso que tende a zero no conto.
A descrição ocupa semelhante lugar na estrutura do conto. Está fora de cogitação o desenho acabado das figuras. Ao contrário, o conto não se preocupa em erguer um retrato completo das personagens, mas centram –se nos conflitos entre as personagens.
A descrição da natureza, ou do ambiente, ocupa ainda mais modesto, pois o drama expresso pelo diálogo, dispensa o cenário. O drama mora nas pessoas, não nas coisas e nem na roupagem.
A descrição completa-se com 2 ou 3 notas singelas, apenas para situar o conflito no espaço.
TRAMA - Linear, objetiva. A cronologia do conto é a relógio, de modo que o leitor vê os fatos se sucederem numa continuidade semelhante à vida real.
O conto, ao começar, já está próximo do epílogo. A precipitação domina o conto desde a primeira linha.
No conto, a ação caminha claramente à frente. Todavia, como na vida real, que pretende espelhar, de um momento para o outro deflagra o estopim e o drama explode imprevistamente. A grande força do conto e o calvário dos contistas consiste no jogo narrativo para prender o interesse do leitor até desenlace, que é, regra geral, um enigma.
O final enigmático deve surpreender o leitor, deixar – lhe uma semente de meditação ou de pasmo perante a nova situação conhecida.
A vida continua e o conto se fecha inseqüente.
Casos há em que o enigma vem diluindo no decorrer do conto. Neste caso ele se aproxima da crônica ou corresponde a episódio de romance.
FOCO NARRATIVO – 1ª e 3ª pessoas. O conto transmite uma única impressão ao leitor.
Começo e epílogo: O epílogo do conto é o clímax da história. Enigmático por excelência, deve surpreender o leitor.
O contista deve estar preocupado com o começo, pois das primeiras linhas depende o futuro do resto, do que terminar.
O começo está próximo do fim. E o contista não pode perder tempo com delongas que enfastiam o leitor, interessado no âmago da história.
O início é a grande escolha. O contista deve saber como começar, o romancista.
A posição do leitor diante do conto é de quem deseja, às pressas, desentediar – se. Ele procura no conto o desenfado e o deslumbramento perante o talento que coloca em reduzidas páginas tanta humanidade em chama.
O contista sacrifica tudo quanto possa perturbar a idéia de completude e unidade.
CONCLUSÃO
A narrativa passível de ampliar-se ou adaptar-se a esquema diversos, ainda que o seu autor a considere, impropriamente, não pode ser classificada de conto.
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GÊNEROS LITERÁRIOS
H A I C A I S
Os haicais são minúsculos poemas de apenas três versos que somam dezessete sílabas. O primeiro e o terceiro com cinco sílabas e o segundo com sete, na leitura ocidentalizada; o haiku original em ideograma é grafado em uma única coluna vertical.
O haicai é uma das mais populares formas de poesia clássica japonesa, embebido pelo olhar sutil e dinâmico da filosofia zen-budista.
Para se compreender plenamente o pequeno mundo do haicai é preciso olhá-lo não apenas como objeto de linguagem, mas como um processo (indissociável de sua realização formal ) que exige um refinamento de sensibilidade, algo nada fácil de atingir.
Para se chegar a um bom haicai é preciso que o próprio poeta tenha se transformado num instrumento ultra-sensível, por meio de uma longa vivência, algo que estaria mais próximo da sabedoria do que da erudição
Nessa sofisticada chispa poética, o primeiro verso apresenta uma situação, um quadro visual, uma cena: o segundo mostra uma ação dentro dessa cena e o terceiro verso registra o resultado desse movimento.
"Pétala caída".
que torna de novo ao ramo:
- Uma borboleta!" ( Moritakê )
A economia de meios ( o dizer muito com poucas palavras ), o olhar atento à imagem instantânea, que cintila por um breve momento e logo se desfaz, o estado distraído e ao mesmo tempo alerta se exigem dos haijins (como são chamados os haicaistas).
Entre os grandes mestres orientais estão: Bashô ( 1644-1694 ), Issa, Buson, Shiki, Moritakê.
Mesmo que críticos e leitores menos familiarizados com o universo baiku torçam o nariz para a sua aparente simplicidade, o fascínio é comum a grandes artistas do Ocidente, embora, em nossa língua, seja grande a dificuldade em responder à tendência oriental para a condensação dos versos.
Merece relevo Guilherme de Almeida (1890-1969), que consagrou o haicai com um toque especial, dando-lhe rima, e que, rimado, ficou conhecido como "Haicai Guilhermino":
Chão humilde. Então
risco-o a sombra de um vôo.
"Sou céu!" disse o chão.
A temática do haicai oriental é a natureza; no Brasil, os temas são generalizados.
O haicai não é apenas objeto de linguagem, mas uma prática que exige sensibilidade refinada, capaz de extrair poesia dos eventos mais simples do cotidiano, como o canto de morte de uma cigarra:
"A cigarra... Ouvi.
Nada revela em seu canto
que ela vai morrer." (Bashô )
Parece tolo aos olhos dos ocidentais, mas sem essa sutileza de visão, é impossível compreender o verdadeiro fascínio do haicai.
Candida Papini
- ASES -
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA:
PEREIRA, Abel B. - Aprenda a fazer versos
Florianópolis/SC: A Figueira, 1992.
ASSUNÇÃO, Ademir – O Estado de São Paulo – Especial -
Domingo-Literatura – São Paulo- 1997.
O haicai é uma das mais populares formas de poesia clássica japonesa, embebido pelo olhar sutil e dinâmico da filosofia zen-budista.
Para se compreender plenamente o pequeno mundo do haicai é preciso olhá-lo não apenas como objeto de linguagem, mas como um processo (indissociável de sua realização formal ) que exige um refinamento de sensibilidade, algo nada fácil de atingir.
Para se chegar a um bom haicai é preciso que o próprio poeta tenha se transformado num instrumento ultra-sensível, por meio de uma longa vivência, algo que estaria mais próximo da sabedoria do que da erudição
Nessa sofisticada chispa poética, o primeiro verso apresenta uma situação, um quadro visual, uma cena: o segundo mostra uma ação dentro dessa cena e o terceiro verso registra o resultado desse movimento.
"Pétala caída".
que torna de novo ao ramo:
- Uma borboleta!" ( Moritakê )
A economia de meios ( o dizer muito com poucas palavras ), o olhar atento à imagem instantânea, que cintila por um breve momento e logo se desfaz, o estado distraído e ao mesmo tempo alerta se exigem dos haijins (como são chamados os haicaistas).
Entre os grandes mestres orientais estão: Bashô ( 1644-1694 ), Issa, Buson, Shiki, Moritakê.
Mesmo que críticos e leitores menos familiarizados com o universo baiku torçam o nariz para a sua aparente simplicidade, o fascínio é comum a grandes artistas do Ocidente, embora, em nossa língua, seja grande a dificuldade em responder à tendência oriental para a condensação dos versos.
Merece relevo Guilherme de Almeida (1890-1969), que consagrou o haicai com um toque especial, dando-lhe rima, e que, rimado, ficou conhecido como "Haicai Guilhermino":
Chão humilde. Então
risco-o a sombra de um vôo.
"Sou céu!" disse o chão.
A temática do haicai oriental é a natureza; no Brasil, os temas são generalizados.
O haicai não é apenas objeto de linguagem, mas uma prática que exige sensibilidade refinada, capaz de extrair poesia dos eventos mais simples do cotidiano, como o canto de morte de uma cigarra:
"A cigarra... Ouvi.
Nada revela em seu canto
que ela vai morrer." (Bashô )
Parece tolo aos olhos dos ocidentais, mas sem essa sutileza de visão, é impossível compreender o verdadeiro fascínio do haicai.
Candida Papini
- ASES -
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA:
PEREIRA, Abel B. - Aprenda a fazer versos
Florianópolis/SC: A Figueira, 1992.
ASSUNÇÃO, Ademir – O Estado de São Paulo – Especial -
Domingo-Literatura – São Paulo- 1997.
ASES em Haicais.Realização: Associação de Escritores de Bragança Paulista-ASES- 2005.
Capa.Revisão.
Coordenação editoria.
Diretoria Executiva.
Presidente: João Luiz Servelhere.
Vice-Presidente: Norberto de Moraes Alves.
Diretora de Secretaria: Henriette Effenberger.
Diretora de Secretaria Adjunta: Rosa Maria Custodio.
Diretora de Eventos: Wadad Naief Kattar
Diretora Social: Lida Leda Montanari Leme.
Diretor de Comunicação: Vladimir Inokov.
Diretora de Biblioteca: Maria de Lourdes Prata Garcia.
Diretor Financeiro- José Solha.
Diretora de Patrimônio- Ana Maria Rosatto Servelhere.
Conselho Fiscal: Antonio Miguel Cestari, Apparecida Moreira Pereira e Flávio Rodrigues.
Ficha catalográfica.Associação de Escritores de Bragança Paulista.ASES em Haicais / vários escritores. - - Piracicaba: Editor.Degaspari, 200.1. Haicais I. Associação de Escritores de Bragança Paulista - ASES II. Título.
APRESENTAÇÃO.
Haicai, Haikai-hokku, ou abreviadamente Haiku, é uma forma de poesia japonesa surgida no começo do século XIII, praticada por Sadaie, um poeta da época. Desde o começo, Haicai é um poema breve, que apresenta na sua concisão uma descrição de um momento ou cena de natureza, um estado emocional ou uma metáfora. Continua viva e ainda hoje em voga, sendo composta de três versos, com cinco, sete e cinco sílabas métricas.
A palavra japonesa haikai é formada de hai = brincadeira, gracejo+ kai = harmonia, realização.
Sinto-me honrado e extremamente feliz em apresentar aos meus confrades e confreiras da ASES e a todos os leitores deste e de todos os países que tiverem a dita de entrar em contato com estes maravilhosos textos sucintos, mas densos.
Este livro é o resultado de anos de labor, por isso tão esperado e agora merecidamente festejado. Costumo dizer que livro é como filho: estamos esperançosos, como que ansiosos, durante a gestação; felizes, mas não menos ansiosos, e esperançosos quando ele nasce... não sabemos como será o seu rosto na mente do leitor. É muito claro que o escritor deseja ardentemente que seu filho, digo, seu livro, seja percebido com um rosto lindo e um belo corpo, deslumbrante, pelo leitor.
A forma haiku é mais utilizada como transliteração do japonês e línguas como o francês e o inglês, e nos livros especializados japoneses, no português, tanto como em outras línguas ocidentais, o registro mais encontrado é com as formas haikai / haicai.
No século XVIII, o poeta e pintor de biombos, Yosa Buson, deu maior refinamento a esta forma poética.
O maior e mais respeitado dos poetas de Haicais foi Kobayash Issa que simplificou o aspecto formal e buscou maior intensidade emocional.
Masaoka Shiki renovou o gênero com maior objetividade formal no começo do século XX.
Depois do simbolismo, o haicai encontrou alguma penetração na poesia ocidental, graças ao seu aspecto metafórico conciso.
Os escritores da ASES, como não poderia ser de outra forma, cantaram e encantaram este livro com os temas: pássaros cantando, manhã de sol, jardim, aranha que tece, rugas na face, páginas viradas, crianças felizes, alma desnuda, noite fria, estrelas brilhando, Deus, perfeição, ciclos da vida, voz, cofre, buquê de rosas, noite enluarada, vinho, som de viola
O primeiro Haicai ou Haicai-renga (cadeia livre) remonta ao século XIII. No século XVII esta forma de poesia assumiu a plenitude com o poeta Matsuo Munefusa, também conhecido como Bashô, qu.
foi quem deu ao gênero maior originalidade e foi mestre de uma grande escola. Conta-se que Bashô era um eterno e inveterado viajante, desde que sua casa foi destruída por um incêndio em 1683. Morreu em Osaka, cercado de discípulos, depois de compor um último Haicai que traduzido do japonês, seria mais ou menos o seguinte.
Doente em trânsito.
percorro ainda em sonho.
terra ressecada..
universo, crisálida, orvalho, prece, Brasil, Japão, arte samurai, arco-íris, cigarra, borboleta, flores, voz da intuição, céu, melodia, praia, campo, verdejantes, lamento, chuva, rio, roça, frutos, coração, barriga, bola na rua, bolhas de sabão, ninho, grilos, deserto, entardecer, tempo que passa, outono, primavera, guerra, casinha de palha, vento, vila, amor... e o quê mais?.
Este livro está muito apropriado para ser lido em qualquer lugar, qualquer hora: de manhã ao levantar, na azáfama diária, à noite ao deitar ou durante a noite, quando a insônia o pegar, ou até mesmo quando os problemas e preocupações o quiserem afogar.
Aproveite! Dê de presente a seus familiares e amigos... Por quê não? A seus alunos, mestres, namorados e namoradas, pai, mãe, filhos, vizinhos... Quem mais?.
Ah! já ia me esquecendo: aos doentes, em casa ou no hospital, aos presos... Garanto que sempre fará muito bem.
Caro leitor.
Acaba de nascer o livro de Haicais dos escritores da ASES. Está lindo, pode acreditar! Confira você mesmo, lendo, saboreando e sorvendo cada um deles. Haicais, como toda poesia, lê-se assim, devagar, saboreando, sorvendo, assimilando como a um alimento... De fato é um alimento espiritual.
Boa sorte.
João Luiz Servelhere - Presidente da ASES
SUMÁRIO
ANA MARIA SERVELHERE....................................01
ANTONIO MIGUEL CESTARI.................................02
CANDIDA PAPINI....................................................02
CIDA MOREIRA......................................................03
FLÁVIO RODRIGUES..............................................03
HENRIETTE EFFENBERGER..................................03
JOÃO LUIZ SERVELHERE......................................04.
JOSÉ REYNALDO GALASSO...................................04.
JOSÉ SOLHA............................................................05.
LEDA MONTANARI LEME.....................................05.
LEONILDA I. SPINA................................................05.
LÓLA PRATA..........................................................06.
MARIA CESTARI....................................................06
MARIA LUISA RASEIRA ARRUDA.........................06.
MARIA SIRIANI DEL NERO.....................................07.
MARINA VALENTE..................................................07.
NORBERTO DE MORAES ALVES............................08.
OTACÍLIO CÉSAR MONTEIRO................................08
ROSA MARIA CUSTODIO........................................08.
SILVANO TOLENTINO LEITE..................................09
THEREZINHA RAMOS DE ÁVILA............................09.
VLADIMIR INOKOV.................................................10.
VOLPONE DE SOUZA ..............................................10.
WADAD KATTAR.....................................................10.
WILMAR CARVALHO GOMES.................................11.
XIXA BLUES (VLADEMIR AFFONSO JR..................11.
Considerações sobre haicai.
Haicai não é síntese, no sentido de dizer , máximo com o mínimo de palavras. É antes, arte de, com o mínimo, obter o suficiente..Paulo Franchett.
A Associação de Escritores de Bragança Paulista - Ases, visando concretizar um dos seus sonhos, acalentado por muito tempo, apresenta uma coletânea de haicais de seus escritores, fruto de muito esforço, estudo e dedicação.
O haicai é uma das mais populares formas de poesia clássica japonesa. É um minúsculo poema de apenas três versos, conhecido no Japão e na maioria dos países como haiku.
Essa forma poética chegou ao Brasil no início do século XX , hoje possui uma legião de estudiosos, praticantes e admiradores.
Para penetrarmos em seu pequeno mundo, é necessário entendê.lo como sendo não apenas um objeto de linguagem, mas como um processo difícil, que exige refinada sensibilidade.
Quanto ao seu aspecto formal, segundo Harold G. Henderson , o haicai clássico japonês obedece a quatro regras: consiste em 17 sílabas, divididas em três versos de 5, 7 e 5 sílabas; contém alguma referência a natureza (diferente da natureza humana); refere-se a um evento particular (não é uma generalização).; esse evento é apresentado como acontecendo no presente, no .agora., e não no passado.
Referindo-se ainda ao aspecto formal do haicai, a contagem de sílabas deve obedecer à tradição métrica portuguesa. Deve-se contar apenas até a sílaba tônica da última palavra do verso. Além disso, através do processo de elisão, fundem-se as vogais de sílabas vizinhas, de acordo com a pronúncia. Não há necessidade de rima ou título.
A objetividade do haicai deixa pouco espaço para a expressão de universo interior do autor. O subjetivismo e o intelectualismo são traços que não devem fazer parte dele.
O haicai chegou ao nosso país, vindo da França, num primeiro momento, e depois dos países de língua inglesa. Entre os patronos do haicai no Brasil, Afrânio Peixoto divide com Guilherme de Almeida a honras maiores.
Guilherme de Almeida . como diz H. Masuda Goga . .estimulou o abrasileiramento da mais concisa poesia de origem japonesa, o haicai guilhermino fez escola e mesmo hoje em dia encontramos vários
cultores dessa forma literária em português, que ele denominou haicai.
Guilherme de Almeida desenvolveu uma ação que visava transplantar o haicai e dotá-lo de uma disciplina rígida.. Do ponto de vista da como posição física do haicai, ele se propôs a resolver um problema:
O conteúdo do haicai, conforme ponto de vista do Grêmio Haicai Ipê, que o estuda enquanto forma poética adaptada à língua portuguesa contempla o haicai como poesia da natureza. Sendo seu conteúdo baseado na natureza, obrigatoriamente fala de coisas concretas e, como tal, refere-se às marcas do mundo terreno: à temporalidade, ao provisório ao efêmero.
O homem, como parte integrante da natureza, submisso a ela, também é passível de se tornar assunto de haicai.
Nessa sofisticada forma poética, o primeiro verso apresenta uma situação, um quadro visual, uma cena: o segundo mostra uma ação dentro dessa cena e o terceiro verso registra o resultado desse movimento da forma métrica e do uso ou não das rimas, que se tornou secundária comparada à outra invenção sua, que é o título atribuído a cada haicai.
O professor de Teoria da Literatura na Unicamp - Paulo Franchett afirma que se deve valorizar no haicai a capacidade de .dizer o mínimo com o número suficiente de palavras, e não comprimir, como se pode supor, o máximo de significado no menor espaço possível.. Dizer mínimo, que possibilite ao leitor perceber que aqui há alguma coisa..
O dizer muito com poucas palavras, o olhar atento, o estado distraído e ao mesmo tempo alerta são algumas características exigidas dos haicaistas.
No haicai, a simples descrição de uma sensação, despojada de artifícios estilísticos; mas com um espaço para a sugestão, é a melhor regra a ser seguida.
Candida Papin.
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