01. Ridículo
e Silêncio
Psicopatias sociais graves são muitas, mas, o deboche e
preconceito, sementes podres de árvore mal tratada, a nos levar ao extremo ridículo da pobreza social.
Tanto os que são acometidos como os que as cometem.
Vamos combatê-los já que não foram prevenidos.
A prescrição nesses casos é o jurídico BO.
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Tanto silêncio deixou a mãe intrigada.
Onde
estariam todos?
Possivelmente
vendo TV no quarto. Frio e chuvarada!
-
Crianças, desçam já, o café hoje é especial...
Decidiu
buscá-los e voltaram em lágrimas:
02. Labirinto
e Esquecimento
Emoções e sentimentos são prisões, se não forem trabalhadas.
Nunca fui de pensar na morte ou pós-vida.
Até por que não foi prematuro a mim.
Depois de longo tempo ao lado da irmã doente recebi o
fatídico telefonema que me fez ver o labirinto
da cegueira.
Padeci
e revivi por amar.
Eterno
aprendiz da graça!
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A vovó sofria de esquecimento.
Esquecia-se de apagar luzes,
desligar aparelhos, tirar a mesa...
A família lhe dava remédios.
Vitaminas, calmantes e assim por diante.
Um dia, a neta a observar os atos da
avó lhe perguntou:
- Vovó cadê seus óculos?
- Perdi-os!
- Vamos providenciar. Não é caso
para remédios.
03.
Xarope e
Leque
- Não quero tomar,
mamãe!
- Por que meu filho? É
de framboesa e vai curar sua tosse.
- Esqueceu que eu não
posso tomar isso?
- Querido, nunca soube
disso!
- Esqueceu-se da última
vez no hospital?
- Provavelmente
esqueci. Que houve mesmo?
- Esqueceu-se por quê
não foi você quem vomitou esse maldito xarope
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Zoológico
cheio, calorão terrível.
Esguicho de água, cobertura improvisada com galhos ou folhas,
aliviavam os pobres animais.
Bom era só o consumo lucrativo de picolés e refrigerantes
pelos vendedores ambulantes.
Quando o pavão exibiu sua ostensiva cauda a garota gritou:
- Vejam. Aquele tem o leque!
Partida e
Cebola
Saímos cedinho para
aproveitar o dia.
Mochila nas costas,
água em corote para conservar a temperatura e lá fomos rumo às altitudes.
Foi um passeio e tanto.
Sobe e desce divertido.
Éramos ali médico e
paciente.
Ao retornarmos, a
pergunta foi repetida quase que em uníssono:
- Quando será a próxima
partida?
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No
refeitório escolar as merendeiras lacrimejavam.
-Meu
Deus! Será que faltou a merenda de novo?
Pensei
em ajudar sem saber como.
-
Acalmem-se, vou tentar arrecadar e pediremos lanches, sim?
Dona
Assunta, a maitre, passou do choro ao riso:
-
Nada falta professora. Há excesso de cebola
no cardápio!
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05.
Borboleta e agulha
Embevecido e como que inebriado
contemplo o crepúsculo do último andar, antes que belos tons multicores
desapareçam!
O que vejo? Uma frágil borboleta presa na tela da janela!
Ao seu
redor, pares de olhos brilhantes!
Penso que fui crisálida e deixei de
ser cativa.
Não hesito: rompo a tela e
solto-a...
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Meu primeiro ano escolar foi um
horror.
Escola pública exigia o tratamento
odontológico.
Logo na primeira aula, Dr. Hildo me
chamou.
Ao barulho do motor, minha mão
segurou a sua, e a agulha atravessou-me
o céu da boca.
Com a gritaria o amedronto foi geral
e ninguém mais pôde ser atendido no dia.
Formiga e Lua
Dois primos brincaram no quintal do sítio o dia todo.
Anoiteceu e as mães preocupadas pediram que entrassem.
Disseram “já vamos”, não sem antes um deles, mais
observador, dizer ao outro:
- Olha primo! A lua
quebrou ao meio!
E o outro, de súbito retrucou:
- É mesmo né? Onde será que caiu o outro pedaço?
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-
Mãe, me conta a história das comadres.
- Só se você prometer
dormir em seguida.
- Prometo! Disse Mel já
sonolenta.
- Duas comadres... A
cigarra cantava e a formiga
trabalhava.
Chegou o inverno e a
cigarra foi pedir abrigo à formiga.
- Tá muito frio aqui
fora!
- A casa é pequena,
comadre. Não cabem duas!
Cachorro e lâmpada
Quando o avistei, pareceu-me escuro, apesar do mesmo porte.
O coração, seco de saudade do cachorro branco, acelerou.
À distância, apagam-se os contrastes e os maus sentimentos.
- Alô! Quem fala?
- O Heros.
Viram-no.
Joguei ao alto meu celular e chorei.
Por que não haveria de encontrá-lo? Ou ele a mim?
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Quem
não a queria para realizar seus desejos?
Silverinha
também a quis.
Na
ingenuidade de seus cinco anos esfregava a lâmpada
que a mãe jogou fora.
-
O que deseja tanto , minha filha?
-
Mamãe, quero uma boneca do meu tamanho .
O
olhar da mãe se acendeu e no dia seguinte lá estava sua boneca!
Motel e
dança
Na viagem ela não cansava de me
elogiar: adoro seu nome, lindo até o reverso.
Sorri da criatividade.
- Vê? O nosso amor nos faz crescer
sempre!
-Tantos anos juntos! Sessentões.
- E produtivos.
- Sim, em quase tudo.
-Vamos abastecer Telmo? Antes que
seque o óleo.
Tremi ao ler o meu reverso: Motel!
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Na
linguagem, sinonímia significa que um vocábulo atende a diferentes significados.
Assim:
pé (corpóreo ou muda de árvore); manga (fruta ou camisa).
Inclusive
há expressões que ora se encaixam bem: (cochilou o cachimbo cai; quem não chora não mama).
A
palavra dança (é bom para a cabeça e
para o pé).
Souvenir e
Boca
Enquanto sua mãe escolhia souvenir carioca para guardar de
lembrança da praia, o garoto olhava triste o mar:
“ECA! Quanta sujeira, lixo
espalhado, peixes mortos.”
-Mamãe, vamos embora daqui!
Você queria vir à praia querido!
- Omar quer de volta sua praia
limpa! - Respondeu sério o pequeno
grande homem.
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Ele tocou a campainha.
Ela atendeu em trajes de praia, boca inchada pelo herpes, mal
humorada.
- Pode vir mais tarde?
Decepcionado ele balbuciou:
- A que
horas?
- Lá pelas vinte horas.
- Atendo a partir das dezoito! - Indica a placa
- Houve imprevisto, desculpe!
Não desculpou!
Locais assim existem de sobra.
Lobisomem e Pizza
No
restaurante italiano não chegavam ao acordo quanto ao pedido.
Um queria lasanha, outro canelone, e por aí
vai.
Até que o pizzaiolo lá do fundo
sugeriu:
- Que tal rodízio de pizza? Aí tem todos esses ingredientes
que apreciam.
Aprovaçãop geral: muzzarella, dois
queijos, romanesca...
E viva la Itália!
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A aula era sobre palavras compostas.
Vejam, alunos: lobisomem (lobo+homem), aguardente (água+ardente), quando fui
interrompida pelo garoto da frente.
-Professora essas palavras existem
no dicionário?
-Certamente. Por quê?
- Por que não acho aqui chupacabra
(chupa+cabra).
-Isso é lenda! Gritou o de trás.